Até alguns anos atrás, as grandes montadoras brasileiras tinham seus modelos iguais aos equivalentes europeus. Tínhamos Vectra, Astra, Zafira, Corsa, Scénic, Megane, Clio, Golf, Polo, Fiesta, Focus (entre outros) iguais aos mesmos modelos vendidos na Europa. Até esta época, os modelos não tinham muita tecnologia embarcada, então as montadoras poderiam jogar com preços atrativos para seus modelos.
Porém, os carros que ganharam novas gerações nos seus países de origem, com tecnologia "de ponta", tecnologia essa que encareceria uma atualização nos modelos vendidos aqui, impossibilitando que as montadoras praticassem os mesmos valores da geração anterior.
Diante disso, algumas montadoras recorrem a produtos semelhantes das outras marcas do grupo do qual participam. A Renault, por exemplo, deixou de trazer as novas gerações de Clio, Scénic e Mégane para substituí-los e trazer mais produtos. A francesa recorreu à parceira romena Dacia para trazer Logan, Sandero, Symbol, Duster e futuramente a minivan Lodgy. A linha Renault brasileira se tornou numa verdadeira revenda de modelos Dacia, exceto o Fluence, que deriva do Sansung SM3 (que na verdade não passa de um Megane sedan). O Sandero só não substitui o Clio pois a marca francesa pratica preços acima do valor que o Clio é vendido atualmente. Aliás, o substituto do Clio será também de origem Dacia. O Symbol já substitui o Clio sedan (que na verdade o Symbol é um Clio sedan mais ajeitadinho). O Logan é um sedan barato que não substitui ninguem na linha, serve como sedan de entrada da marca, assim como o Duster, que é o primeiro SUV da marca. A Lodgy futuramente será vendida no Brasil para entrar no lugar da envelhecida Scénic e também do Megane Grand Tour. Do jeito que a Renault está no Brasil, ela parece uma representante Dacia, e nao a Dacia representante Renault, pois apenas o Fluence não deriva de nenhum Dacia.
Um caso oposto mas que também teve efeitos é a da Chevrolet. Originalmente, os produtos Chevrolet eram descendentes de modelos Opel. Os produtos de sucesso da montadora americana que se conhece vieram todos da Opel. Quem nunca sentiu orgulho de guiar um Vectra, um Astra, uma Zafira ou até mesmo um Corsa sabendo que dirigia o mesmo carro que uma pessoa europeia dirige também? Pois é, até meados de 2003, 2004 tínhamos essa sensação, até a Opel apresentar a nova geração dos Vectra e Astra. Esperávamos por atualizações na nossa linha, mas não veio. "Pior": a Chevrolet deixou de acompanhar a linha Opel para criar próprios modelos ou trazer outros produtos da Chevrolet americana. Portanto, Celta e Prisma continuam com a mesma alma de Corsa Wind (rs), Classic agora é Sail Chinês com o mesmo nome Classic, Corsa agora é Agile, Astra será Sonic e Vectra é Cruze. Nada contra aos produtos da Chevrolet americana, mas os produtos Opel são mais atraentes e poderiam fazer mais sucesso que os modelos da "nova GM".
Sem falar na VW, que não acompanha as novas gerações do Golf desde 1998, e agora o Polo vai ficar defasado. Aliás, o Polo ganhou uma restilização baseada no Polo Vivo chinês. A Ford também, mas ela não substituiu a geração atual do Fiesta, Ela trouxe a nova geração para conviver com o modelo atual, mas vendido como carro premium. Já o Focus, ficaremos desatualizado por pouco tempo, pois ela trará a nova geração daqui alguns meses.
Parabéns à Honda, Toyota, Fiat, entre outras, que de alguma forma estão com quase 100% da sua frota brasileira em sintonia com a frota dos países que deram origem à esses produtos.